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[Coluna do Podtrash] Latrina Trash: Walter Khouri, O Mestre da Boca do Lixo.

Por Tremyen (Manel) do Podtrash:

Se existiu um cineasta inspirador para o movimento da “Boca do Lixo” – e todos os seus estilos – esse homem foi Walter Hugo Khouri. Nascido em São Paulo (1929), sua produção cinemátografica era O alvo, o modelo a ser seguido por aqueles que no futuro comporiam a turma do Honório Martins (o cara que alugava os equipamentos pra galera da boca).

O cinema de Walter Khouri começa junto com a história dos grandes estúdios, como assistente de produção de Lima Barreto em “O Cangaceiro” (1953), ainda trabalhando pela Vera Cruz.

Mas muito da admiração dos cineastas da boca vinha de sua primeira produção independente: “O Gigante de Pedra” (1953), que foi totalmente realizado e lançado sem o apoio de um grande estúdio, uma tarefa hercúlea nos idos de 53.

Não bastasse o esforço dos cineastas do cinema-novo em rotular o cinema de Khouri como “burguês e alienado”, o impressionante sucesso de Khouri nas bilheterias o consolidou como uma espécie de mestre jedi do “como-realizar”, para a grande maioria dos cineastas da boca.

Claro que o cinema de Khouri das decadas de 50-60, apesar de independente,  ainda não poderia ser considerado “boca do lixo”. Seus cortes – apesar de um pouco mais suaves – ainda podiam ser identificados como um cinema quasi-europeu, motivo pelo qual tornou-se um cineasta prêmiado, com os filmes “Na Garganta do Diabo” (1960) e “Noite Vazia” (1964), filme que foi exibido em Cannes (1965) e que é considerado o modelo do estilo de Khouri, por mais que a influência italiana em seus filmes fosse gritante.

O namoro de Khouri com a “boca do lixo” começa no final da década de 60 e inicio da década de 70, em obras como “O Corpo Ardente” (1965), seu episódio da série “As Cariocas” (1966), “As Amorosas” (1967) e por fim “O Palácio dos Anjos” (1970).

Sua filmografia a partir dos anos 70 dilui seu estilo europeu e abraça sem pudores a pornôchanchada, com tantos clássicos que seria difícil de listar tudo em um único post, bastando apenas citar que entre eles estão filmes imperdíveis como “Convite ao prazer” (1980), “Eu” (1986) e a melhor pornochanchada já filmada: “Amor Estranho Amor” (1982).

https://www.youtube.com/watch?v=G7pAMGP1XVU

Tremyen participa também da The Dark One Podtrash

 

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Angelica Hellish

Angélica Hellish é a criadora do projeto. Cinéfila, mãe, ativista pela causa LGBTQIA+ e antifascista.

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