Quinzenalmente, estamos aqui no Masmorra Cine, falando de filmes não-estadunidenses de uma forma que cabe no seu tempo e, de quebra, apresentando dicas culturais oriundas dos países das obras destacadas. Venha conosco. Hoje, iremos à Inglaterra.
Carvalho de Mendonça
SEGREDOS E MENTIRAS (Inglaterra, 1996)
Secrets & Lies – Drama – 2h22min – Mike Leigh
A obra em 12 segundos
Drama familiar britânico, sobre uma mulher negra que conhece sua família biológica branca, formada por pessoas tristes e amargas, que escondem dolorosos segredos. A obra conta com um trabalho de atuação magnífico das protagonistas.
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A obra em 46 segundos
Segredos e Mentiras é um drama britânico que narra a história de Hortense Cumberbatch (Marianne Jean-Baptiste), uma mulher negra, que decide procurar sua família biológica após o falecimento de sua mãe adotiva, e descobre ser filha de Cynthia Purley (Brenda Blethyn), uma mulher branca. Bem sucedida em sua vida profissional e satisfeita com a criação que lhe foi concedida, Hortense se vê envolvida pelos laços de uma nova família, completamente disfuncional, que esconde segredos dolorosos. Dirigido pelo lendário cineasta Mike Leigh, o filme foi vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes em 1996 e indicado a cinco categorias do Oscar 97. Leigh é sabidamente um grande diretor de atores e, em Segredos e Mentiras, este talento alcança o seu apogeu com as interpretações marcantes de Brenda Blethyn (um espetáculo) e Marianne Jean-Baptiste, bem como com o total entrosamento do elenco. Uma obra que, apesar do enorme reconhecimento da crítica e dos festivais, merecia ser mais considerada pelo público.
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A obra em 2 minutos e 53 segundos
Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes em 1996, do Prêmio Goya de Melhor Filme Europeu do ano, eleito o Melhor Filme Britânico e o Melhor Roteiro Original na 50ª edição do British Academy Film Awards, indicado a cinco categorias do Oscar 97, além de ganhador de inúmeros outros prêmios referentes a atuações, com destaque ao Globo de Ouro de Melhor Atriz. Este é o currículo de Segredos e Mentiras, drama familiar inglês, dirigido pelo lendário cineasta Mike Leigh, que, apesar do enorme reconhecimento dos festivais, merecia ser mais considerado pelo público.
O filme narra a história de Hortense Cumberbatch (Marianne Jean-Baptiste), uma mulher negra, que decide procurar sua família biológica após o falecimento de sua mãe adotiva, e descobre ser filha de Cynthia Purley (Brenda Blethyn), uma mulher branca. Bem sucedida em sua vida profissional e satisfeita com a criação que lhe foi concedida, Hortense se vê envolvida pelos laços de uma nova família, completamente disfuncional, que esconde segredos dolorosos. Segredos que os impedem de gozar o prazer do afeto e, consequentemente, o prazer da felicidade.
Confesso ter uma predisposição para gostar de dramas familiares. Aliás, arrisco-me a dizer que esta é a minha subcategoria favorita dentre os produtos culturais que consumo, literatura, cinema, teatro, quadrinhos e tudo mais. Porém, é importante que se diga que existe uma linha tênue que separa a tragédia familiar do melodrama barato e, na grande maioria das vezes, os criadores não são capazes de manter essa linha intacta. Trabalhar o sofrimento real e rotineiro na ficção, mantendo o equilíbrio da obra, é uma arte, que, em Segredos e Mentiras, Mike Leigh demonstra dominar por completo.
No tocante ao ponto de partida da trama, é acertadíssima a opção do diretor por fugir dos clichês da “garota adotada sofredora, com crise existencial, por ter sido abandonada pela mãe biológica” e da “família branca rica que acolheu a menina negra abandonada”. Aqui, a garota negra foi abandonada por uma mãe branca, adotada por uma família negra, que a encheu de amor e a deu condições para que se tornasse uma mulher forte e de sucesso. Aqui, a tensão está justamente no seio da família que a abandonou e não sabe lidar com o seu reaparecimento, que acaba escancarando a fragilidade e a hipocrisia escondidas sob as máscaras de todos, por décadas.
Leigh é sabidamente um grande diretor de atores e, em Segredos e Mentiras, este talento alcança o seu apogeu com as interpretações marcantes de Brenda Blethyn (um espetáculo) e Marianne Jean-Baptiste, bem como com o total entrosamento do elenco. Pelo menos duas cenas do filme (a da lanchonete [numa única e longa tomada] e a do aniversário) são memoráveis. Sensíveis e brutais. Que sangram e encantam na medida certa. Segredos e Mentiras é um filme para ser revisto em diversas fases da vida, com o intuito de se explorar seus sentimentos em diversas nuances, num compartilhamento de dor, que torna a convivência muito mais simples e verdadeira.
Ponto forte: Atuação esplendorosa de todo o elenco, com destaque ao trabalho marcante de Brenda Blethyn.
Ponto fraco: Poderia ser um pouco menor.
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Ficha Técnica
Direção de Mike Leigh
Roteiro de Mike Leigh
Elenco principal com Brenda Blethyn, Marianne Jean-Baptiste, Timothy Spall, Phyllis Logan, Claire Rushbrook, Elizabeth Berrington, Lee Ross e Ron Cook
Produção de Simon Channing Williams
Fotografia de Dick Pope
Edição de Jon Gregory
Design de produção de Alison Chitty
Figurino de Maria Price
Trilha Sonora de Andrew Dickson
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Dica cultural, diretamente da Inglaterra
A dica cultural de hoje é a série britânica Peaky Blinders: Sangue, Apostas e Navalhas, criada por Steven Knight, exibida originalmente pela BBC, e disponível na Netflix. Inspirada por eventos reais ocorridos na Birmingham pós-Primeira Guerra, a obra narra a história de uma família de criminosos, liderada por Thomas Shelby (Cillian Murphy), e seus negócios escusos. Explorando uma direção de fotografia impecável e uma trilha sonora poderosíssima, Peaky Blinders já possui 5 temporadas, sem perder o fôlego. No elenco, a série conta com nomes de respeito, como Helen McCrory, Sam Neill, Tom Hardy e Adrien Brody. O roteiro, também a cargo de Steven Knight, é um show à parte, extremamente competente ao criar personagens complexos, tramas consistentes e diálogos valiosos (imprescindíveis na construção das personalidades). Dona de uma qualidade cinematográfica imensa, a série é viciante, difícil de deixar para lá. Um prato cheio para os amantes de histórias de máfia, de faroestes e de ficções históricas.
Por hoje, é isso, companheiras e companheiros.
Até mais.
Carvalho de Mendonça