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Entes Queridos (Austrália, 2009)

Quinzenalmente, estamos aqui no Masmorra Cine, falando de filmes não-estadunidenses de uma forma que cabe no seu tempo e, de quebra, apresentando dicas culturais oriundas dos países das obras destacadas. Venha conosco. Hoje, iremos à Austrália.

 

         Carvalho de Mendonça

 

        

ENTES QUERIDOS (Austrália, 2009)

The Loved Ones – Terror – 1h24min – Sean Byrne

A obra em 9 segundos

Bizarro terror australiano sobre uma garota que, após ter seu convite de ir ao baile de fim de ano rejeitado por um colega, decide criar a sua própria comemoração e obrigá-lo a participar.

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A obra em 56 segundos

Entes Queridos é um bizarro terror australiano sobre uma garota (Robin McLeavy) que, após ter seu convite de ir ao baile de fim de ano rejeitado por um colega (Xavier Samuel), decide criar a sua própria comemoração e obrigá-lo a participar. A película se inicia ao som de Lonesome Loser, canção da longeva Little River Band, que discorre sobre as angústias de um derrotado, que tem seu coração constantemente machucado e, ainda assim, continua tentando. No carro, pai e filho discutem trivialidades, e o público é convidado a embarcar em mais um conto de desencontros sentimentais adolescentes, até que um corpo ensanguentado surge no meio da estrada e altera o curso da narrativa. Os jovens escalados no elenco estão muito bem em seus papéis, com destaque para Robin McLeavy que dá vida a uma jovem assustadoramente insana. A trilha sonora de Ollie Olsen é vital para a ambientação e casa perfeitamente com a pegada setentista/oitentista exposta, que, aliás, é homenageada com o desfecho do absurdo, que conversa ao pé do ouvido com venerados clássicos do gore.

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A obra em 2 minutos e 31 segundos

Nada mais clichê no cinema do que adolescentes ansiosos pelo baile de fim de ano, que se configura com as formações dos pares, disputas entre rivais, estratégias para encarar os pais das garotas, fotos na hora da saída, álcool em excesso, drogas, armários de metal e sexo no carro. É louvável quando algum cineasta se propõe a revitalizar as velhas fórmulas e brincar com conceitos inúmeras vezes revisitados. Entes Queridos se utiliza do clima de besteirol, para criar um vigoroso terror gore, com direito a furadeiras e “canibalismo” (as aspas serão entendidas com o desenrolar da trama).

O filme de 2009, dirigido pelo australiano Sean Byrne, conta a história do garoto Brent (Xavier Samuel), que, em razão de seu namoro com Holly (Victoria Thaine), nega o convite de sua colega Lola (Robin McLeavy) para acompanhá-la ao baile de fim de ano do colégio. Ocorre que a garota rejeitada decide fazer sua própria festa e obrigar Brent a participar. Os jovens escalados no elenco executam suas funções de forma eficiente, com destaque para Robin McLeavy, que incorpora uma adolescente assustadoramente insana.

A película se inicia ao som de Lonesome Loser, canção da longeva Little River Band, que discorre sobre as angústias de um derrotado, que tem seu coração constantemente machucado e, ainda assim, continua tentando. No carro, pai e filho discutem trivialidades, e o público é convidado a embarcar em mais um conto de desencontros sentimentais adolescentes, até que um corpo ensanguentado surge no meio da estrada e altera o curso da narrativa. O luto é peça importante na construção dos personagens, especialmente Brent e sua mãe Carla (Suzi Dougherty), ao compor suas personalidades e ditar certos comportamentos, que fazem o filme andar de forma natural.

A obra expõe o drama de três famílias. Inicialmente, Brent perde o pai em um acidente de trânsito em que conduzia o veículo. A tragédia faz com que a mãe o culpe e ele sofra sérios distúrbios emocionais. Outro núcleo, formado pela rebelde Mia (Jessica McNamee) e seus pais, também enfrenta uma profunda tristeza recente, que só é revelada no último ato, quando os caminhos das três famílias se entrelaçam. O último grupo, composto pelos familiares de Lola, é o mais disfuncional possível: uma mãe em estado catatônico, um pai superprotetor, e uma filha doentia, que desfila entre a infantilidade cor de rosa e a sexualidade obscura, e cria um macabro conto de fadas em sua mente.

Lola e seu pai não possuem muito background. Sean Byrne opta, acertadamente, em criar o clima apenas com elementos de cena pontuais e a própria ação em si. Eles são criaturas forjadas e movidas pela loucura, ainda que haja uma leve aura de vingança do socialmente deslocado. A trilha sonora de Ollie Olsen é vital para a ambientação e casa perfeitamente com a pegada setentista/oitentista exposta, que, aliás, é homenageada com o desfecho do absurdo, que conversa ao pé do ouvido com venerados clássicos do gore.

Ponto forte: Competente ao remodelar o clichê de terror adolescente, convertendo-o em um agoniante gore de tortura.

Ponto fraco: Diversos furos no roteiro.

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Ficha Técnica

Direção de Sean Byrne

Roteiro de Sean Byrne

Elenco principal com Robin McLeavy, Xavier Samuel, John Brumpton, Victoria Thaine, Jessica McNamee, Richard Wilson, Suzi Dougherty, Anne Scott-Pendlebury e Andrew S. Gilbert.

Produção de Michael Boughen e Mark Lazarus

Fotografia de Simon Chapman

Edição de Andy Canny

Design de produção de Robert Webb

Figurino de Xanthe Heubel

Trilha Sonora de Ollie Olsen

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Dica cultural, diretamente da Austrália

As dicas culturais de hoje são dois excelentes faroestes recentes, que mesclam elementos clássicos do gênero com pitadas certeiras de originalidade. A primeira obra é A Proposta, dirigida por John Hillcoat, com roteiro do cantor e compositor Nick Cave, que conta no elenco com nomes como Guy Pearce, John Hurt e Emily Watson. O filme conta a história de um criminoso que, ao ser preso, recebe uma oferta do xerife: se ele conseguir encontrar e prender seu sanguinário irmão mais velho, seu irmão mais novo seria liberto da forca. Violento e árido, A Proposta brilha na exposição de personagens complexos em meio aos tiroteios. A segunda indicação é Doce País, filme dirigido por Warwick Thornton e protagonizado por Hamilton Morris e Sam Neill. Após matar um homem branco, o escravo aborígene Sam precisa fugir com sua mulher pelo deserto. Mais que um western, Doce País é um drama sobre racismo, que escancara o nojento e absurdo tratamento despendido à população negra por séculos na Austrália, e por todo o mundo.

Por hoje, é isso, companheiras e companheiros.

Até mais.

Carvalho de Mendonça

 

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